Não sei para onde ir, mas
eu vou…
Não tenho para
onde ir, mas sei que preciso.
Aqui, morrerei de
mesmice. Certamente engasgarei com a poeira dos meus próprios atos, ou melhor,
advinda da total falta deles. Aqui, obviamente perderei cor, como acontece com
impressão de um livro velho, esquecido numa estante nunca mais tocada. Aqui, nesse
corrosivo marasmo, deixarei de exalar qualquer espécie de perfume e secarei
feito flor desidratada, deixada de lado pela natureza egoísta e abandonada pela
chuva que insiste em não despencar mais.
Não sei
para onde ir, mas eu vou. Eu preciso livrar-me das
garras afiadas da inércia e do conforto utópico dessa zona que não inspirada
nada de novo em minha mente hoje vazia, em meus papéis agora brancos e em meu
coração já não tão franco como gostaria.
Aqui, morrerei
afogado enquanto nado em meio ao sossego desse mar de águas previsíveis.
Congelarei enquanto olho para as mesmas paredes descascadas, cujas aranhas, há
tempos abandonaram as teias. Aqui, colado nesse sofá cheio de furos e migalhas
do passado, sei que desaprenderei a sorrir, enquanto olho hipnotizado para esse
monte de personagens repetidos, estrelando roteiros requentados e rindo da
infindável desgraça do mundo.
Tenho motivo para
ir e vou. Mais uma vez abandonarei o navio em pleno naufrágio, mas nunca vou
abandonar o meu direito de ser feliz mais uma vez.
Ricardo Coiro
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